domingo, 22 de abril de 2012

Chumbada linha de muito alta tensão entre Foz Tua e Armamar

 O ministério do Ambiente chumbou a linha de muito alta tensão entre a Barragem de Foz Tua e Armamar, de acordo com a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) desfavorável ao projecto a que a Agência Lusa teve acesso.

A Declaração de Impacto Ambiental desfavorável refere que a linha «irá produzir impactos negativos muito significativos e não passíveis de minimização nas vertentes socioeconómicas, uso do solo, paisagem, bem como no património cultural, no que se refere ao Douro Património Mundial. Factores esses que conduziram à inviabilização do projecto e vão obrigar a EDP a reformular o projeto.

Esta linha de transporte de energia, a construir no âmbito da Barragem de Foz Tua, ia atravessar o Alto Douro Vinhateiro (ADV), Património Mundial da UNESCO desde 2001. 

O projecto da EDP, cuja fase de consulta pública terminou a 31 de janeiro, previa que as linhas de transporte de electricidade a implantar fossem suportadas em postes (torres) de 44 metros e 64 metros de altura, atravessando vários quilómetros do ADV. 

Os cabos de transporte de electricidade passariam pelos concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães, na margem direita do rio Douro, e de São João da Pesqueira, Tabuaço e Armamar, na margem esquerda.

A DIA refere que, a nível do património cultural, a presença da linha produzirá, sobretudo na fase de exploração, um «impacto directo, negativo, de magnitude elevada, muito significativo e não minimizável» no ADV. 

Em termos socioeconómicos, os impactos identificados prendem-se com questões referentes à ocupação de quintas, áreas de vinhas e destruição da paisagem. 

O documento aponta ainda a inexistência de outras opções de corredores alternativos para a linha de muito alta tensão, o que limitou a análise de impactes e não permitiu uma apreciação comparativa com outros corredores.

Este projecto obteve um parecer negativo vinculativo por parte da Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN).

A directora regional Paula Silva propôs soluções alternativas que poderão passar pela «utilização de uma linha já existente», ou seja, que «o transporte de electricidade seja feito através de uma linha já instalada». Ou então, acrescentou, «contornar a zona classificada», desviando a linha para norte. O objectivo é, salientou, preservar o Património Mundial. 

Também a Estrutura de Missão do Douro se apôs à concretização do projecto. 

A associação ambiental Quercus alertou para esta «nova atrocidade» para o Douro, decorrente das linhas de muito alta tensão, e anunciou mesmo que estava a preparar um documento como forma de alertar a UNESCO, em Paris.

É que, de acordo com a Quercus, a construção destas linhas vinha juntar-se à Barragem de Foz Tua, contribuindo para por em perigo a classificação do ADV.

Um relatório elaborado pela associação Icomos e divulgado em dezembro alertou que a construção dessa barragem terá «um impacto irreversível» e constituirá uma «ameaça ao valor excepcional universal».

in 

22 de Abril de 2012

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