sexta-feira, 20 de abril de 2012

Portugal e os carros eléctricos

Portugal e os carros eléctricos
 
O veículo eléctrico constitui a melhor solução de mobilidade para responder às questões actuais do aquecimento global, da qualidade do ar que respiramos e da dependência que existe dos combustíveis fósseis. Todos os que querem contribuir para um mundo mais ecológico têm agora a possibilidade de tirar partido das vantagens dos veículos eléctricos, uma vez que o seu uso será cada vez mais massificado.
É consensual que os carros eléctricos representam hoje uma alternativa bestial aos automóveis ligeiros de passageiros movidos a energias fósseis que são os responsáveis pela maior percentagem de emissão de CO2 para atmosfera que é, por sua vez, um dos trabalhadores mais eficazes e eficientes na tarefa da promoção do efeito de estufa e consequente aquecimento global.
Há dois factores que estão a tornar o veículo eléctrico uma solução de mobilidade cada vez mais viável. Por um lado a evolução tecnológica ao nível das baterias, com tempos de carga menores, maior autonomia, maior potência, entre outros. Por outro, um preço cada vez mais competitivo, principalmente quando se analisa os custos de quilómetros percorridos.
Não causa choque evidenciar que o recurso a carros eléctricos não traz só vantagens. Tenha-se em atenção, por exemplo, o seguinte, as próprias baterias são uma das grandes desvantagens destes veículos devido ao seu peso. Embora tenha havido avanços tecnológicos para que as baterias proporcionem uma autonomia interessante, ainda pesam bastante, a juntar ao facto de o tempo de vida útil de um conjunto de baterias poderá andar entre os 160.000km e os 200.000km, o que aliado ao seu custo pode ser uma grande desvantagem ter que incorrer no custo de um conjunto novo ao fim destes quilómetros. O funcionamento das baterias a baixas temperaturas também não é o melhor, havendo perda de eficiência.
     O tempo de carga é outra das desvantagens, pois embora as baterias de iões de lítio já permitam que, quando carregadas em locais específicos, possam atingir cerca de 80% da sua capacidade em cerca de 15 a 20m, a carga total, quando efectuada em casa numa tomada normal de 220v pode durar ente 6 a 8 horas.
O próprio custo de aquisição representa, para já, um problema, pois apesar dos custos mais baixos de operação, os veículos eléctricos apresentam em contrapartida um custo de aquisição normalmente mais elevado, devido ao facto de ser produzido em pequenas séries.
Por fim, e provavelmente a nível ambiental, a desvantagem mais preocupante é que a electricidade, dependendo da forma como é produzida, pode dar lugar a emissões de CO2 relacionadas com a circulação dos veículos eléctricos.
Todavia, é impossível negar que, ambientalmente falando, as vantagens superam largamente as desvantagens. Ora vejamos:
1-    Há uma maior eficiência do motor - Os veículos eléctricos utilizam tipicamente entre 0.1 a 0.23 kw/h por quilómetro. Aproximadamente metade deste consumo é derivado da ineficiência do processo de carga das baterias. A média de consumo equivalente para um veículo a gasolina é de 0.98kw/h por quilómetro, sendo assim bastante menos eficientes que um veículo eléctrico;
2-    Zero-Emissões - o veículo eléctrico é a única solução 100% Zero-Emissões em utilização. Zero-emissões inclui zero ruídos, zero emissões de gases efeito de estufa e zero emissões de poluentes;
3-    Condução silenciosa - os Veículos Eléctricos oferecem uma experiência de condução caracterizada por uma deslocação do veículo mais silenciosa e suave. Isso é conseguido pela ausência de várias peças móveis no motor, pelo ruído da combustão, mas também pela ausência do sistema de escape, uma das principais fontes de ruído num automóvel;
4-    Menos impostos e incentivos - os automóveis eléctricos actualmente beneficiam de ausência de ISV e Imposto de circulação. Os governos de Portugal e de muitos outros países estão também a oferecer subsídios para conseguirem uma maior penetração no mercado destes veículos.
E é precisamente por aqui que vamos avançar.
Portugal tem-se portado muito bem quanto ao investimento em veículos eléctricos.
No ano de 2010, no âmbito da sua política de Mobilidade Eléctrica, o Governo definiu incentivos à aquisição e utilização de veículos eléctricos, através do Decreto-Lei n.º 39/2010, de 26 de Abril, no qual se menciona que os particulares que adquirirem um dos primeiros cinco mil carros eléctricos, a partir de 2010, terão direito a um incentivo no valor de cinco mil euros.
Este incentivo será deduzido directamente pelos comerciantes de veículos eléctricos sem necessidade de intervenção do comprador.
No entanto, apenas os carros eléctricos que cumprirem os requisitos técnicos definidos pela Portaria n.º 468/2010, de 7 de Julho, poderão beneficiar deste incentivo.
No mesmo ano, O Conselho de Ministros aprova o quadro normativo – integrado no projecto MOBI-E, em que vai assentar a criação da rede de abastecimento de carros eléctricos em Portugal – 1300 postos espalhados por 25 cidades, operados com base nos três grandes fornecedores de energia.
 A previsão era que a rede estivesse a funcionar em 2011, ano em estes veículos automóveis movidos exclusivamente a energia eléctrica entraram em terras Lusas.
O consórcio que procederá à gestão de tal infra-estrutura é constituído pela EDP, Galp Energia e pela Iberdrola – os três grandes fornecedores de electricidade em Portugal -, pelos proprietários dos postos e pela SIBS, a sociedade que gere a rede multibanco.
Face àquilo que está a ser feito no estrangeiro, o projecto português tem duas características diferenciadoras: trata-se da criação de uma rede nacional e não do aparecimento de postos de uma forma arbitrária, e funciona em plena integração, não obrigando os utilizadores a procurarem apenas o seu fornecedor de electricidade para abastecer o veículo.
O recurso ao pagamento da energia carregada através do multibanco permite que o utilizador abasteça em qualquer posto e que o pagamento seja feito ao operador energético a que está ligado. O custo do abastecimento surgirá depois na sua factura de electricidade.
Neste mesmo ano, A SMS – Soluções de Mobilidade Sustentável - começou a fabricar o Little Four, o primeiro carro eléctrico produzido em série em Portugal.
Os primeiros dez veículos seriam exportados para França, no âmbito de uma encomenda de 20 carros. Sendo que, as duas dezenas de viaturas representavam metade das vendas previstas para este ano. Em 2011 a empresa previa aumentar a produção para 140 carros.
Em 2011, O vereador do Ambiente da Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, anunciou que a autarquia pretendia instalar 600 postos de carregamento de veículos eléctricos na cidade.
Questionado sobre se a Câmara estaria a pensar em medidas para beneficiar os proprietários de veículos eléctricos, como vantagens nos custos de estacionamento na cidade, o autarca respondeu que sim, mas admitiu que nada ainda estava decidido.
Sá Fernandes lembrou que, além dele próprio, também o presidente da Câmara, António Costa (PS), e outros dois vereadores [do urbanismo e da modernização administrativa, Manuel Salgado e Graça Fonseca], já usam o carro eléctrico.
Além dos veículos eléctricos para o Executivo, na Câmara também os veículos de limpeza da cidade são movidos a electricidade, o que totaliza cerca de 30 veículos eléctricos da autarquia.
Em 2012, aquilo que a experiência própria me permite dizer é que não se encontram a circular nas cidades portugueses tantos carros eléctricos quanto os desejáveis face à velocidade com que as alterações climáticas se fazem sentir, embora, se possam encontrar vários postos de abastecimento de electricidade por algumas das principais cidades portuguesas.
Todavia, a crise e as fortes e opressoras dificuldades económicas que os portugueses vêem a sentir, não contribuem, de todo, para que o cenário seja outro. Pelo contrário, promovem esta situação, pois embora se possa afirmar, com certeza, que em três/quatro anos o consumidor consegue compensar/recuperar o valor que despendeu a mais na aquisição de um veículo eléctrico, a conjuntura social não favorece esta visão a “longo prazo.


























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